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"Let us free Ireland" é o título deste espléndido e retranqueiro artigo de James Connolly, publicado originalmente no Worker's Republic em 1899 e no Socialism Made Easy em 1908. Primeira Linha disponibilizou fai anos umha traduçom ao galego-português, se bem a que presentamos aqui é algo diferente.
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Teremos mais ocasiões de falar de Connolly, o patriota irlandês que tentou unir revoluçom socialista e luita pola independência, sendo um dos pioneiros em defender a complementariedade do marxismo e o nacionalismo libertador. El viu com claridade que um país (Irlanda ou outro qualquera) nom é verdadeiramente livre, por muito que tenha o seu própio Estado e nom estea colonizado por potências estrangeiras, se existem dentro del classes opressoras e classes oprimidas. Nom só defendeu isto nos jornais, senom que fundou o Exército Cidadão Irlandês (Irish Citizen Army, ICA) e participou no Alçamento de Páscoa, sendo por isso executado polos británicos. Deixou, isso si, semente de vencer, mália que a revoluçom socialista em Irlanda semelhe aínda distante. Mais todo chegará. Tiocfaidh ár lá! (Chegará o dia!)
Bandeira original do "Starry Plough", adoptada polo ICA em 1914...
Libertemos Irlanda! Nom importam as mesquinhas considerações materiais relacionadas com o trabalho e o salário, fogares saudáveis ou vidas livres da pobreza.
Libertemos Irlanda! O latifundiário que exige umha renda abusiva; nom é tamém irlandês, e logo como imos desprezá-lo? Naah, nom falemos mal do nosso irmão, ainda que nos suba a renda.
Libertemos Irlanda! O capitalista devorador de lucros, que rouba três quartas partes do fruto do nosso trabalho, que nos chucha os miolos dos ossos quando somos novos e despois nos bota à rua como umha ferramenta gastada quando ficamos velhos prematuramente ao seu serviço, nom é tamém irlandês, e quiçais um patriota, e como imos pensar mal del?
Libertemos Irlanda! "A terra em que nascemos e nos criou". E o latifundiário a quem temos de pagar para que nos permita viver nela. Um brado pola liberdade!
"Libertemos Irlanda", di o patriota que nom quer saber nada do socialismo. Juntemo-nos todos e esmaguemos o br-r-rutal saxom. Juntemo-nos todos, di el, todas as classes e credos. E, pergunta o trabalhador da cidade, despois de termos esmagado o saxom e de libertarmos Irlanda, que faremos? Bem, entom poderedes voltar às vossas barriadas, tal como antes. Um brado pola liberdade!
E, pergunta o trabalhador do campo, despois de termos libertado Irlanda, que? Oh, entom poderedes continuar a esgotar-vos para pagar a renda do latifundiário ou os juros dos prestamistas, tal como antes. Um brado pola liberdade!
Quando a Irlanda seja livre, di o patriota que nom quer saber nada do socialismo, havemos de proteger todas as classes, e se ti nom pagares a tua renda, serás desalojado, tal como agora. Mais o grupo de desalojo, às ordes do alguazil, levará uniformes verdes e a harpa sem a coroa, e a orde judicial que te botará para a rua levará o carimbo da República da Irlanda. A ver, nom paga a pena luitar por isso?
E quando nom deres atopado um emprego e, no desespero, renunciares a continuar a luita, entrando para o asilo, a banda do regimento do Exército irlandês mais próxima há de escoltar-te até a porta do asilo mentres toca "St. Patrick's Day". Oh, vai ser agradável viver nesses tempos!
... e versiom moderna da bandeira (desde os anos '30 até hoje)
Com a bandeira verde ondeando sobre nós e um crecente exército de desempregados a passear baixo a bandeira verde, devecendo por algumha cousa para comer. O mesminho que agora! Um brado pola liberdade!
Mira, amigo, eu tamém som irlandês, pero som um pouquinho mais assissado. O capitalista, afirmo, é um parásito da indústria, tam inútil na fase actual do nosso desenvolvimento industrial como outro parásito qualquer do mundo animal ou vegetal é para a vida do animal ou vegetal de que se alimenta.
A classe trabalhadora é a vítima deste parásito -desta sanguessuga humana-, e é o seu direito e o seu interesse utilizar todos os médios ao seu alcance para expulsar essa classe parasitária da posiçom que lhe permite alimentar-se das forças vitais do trabalho.
Portanto, eu digo, organizemo-nos como classe para enfrentarmos os nossos amos e desfazer o seu domínio; organizemo-nos para lhes tirar o control que exercem sobre a vida pública por médio do seu poder político; organizemo-nos para arrancar das suas poutas de ladrom a terra e as fábricas em que e com as que nos escravizam; organizemo-nos para limparmos da nossa vida pública a mancha do canibalismo social, a mancha da depredaçom do home polo home.
Organizemo-nos para umha vida plena, livre e feliz PARA TODOS OU PARA NINGUÉM.
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