quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Posmarxismo!

Na revista Tempos Novos deste mes de fevreiro vem umha entrevista com Ernesto Laclau cuja leitura recomendamos. Laclau (Buenos Aires, 1935) é um teórico político cujo trabalho mais importante é o livro Hegemonia e Estrategia Socialista, coescrito com Chantal Mouffe em 1985 e considerado a obra fundacional do postmarxismo. Ali proponhia-se umha revisom da doutrina marxiana em vários aspectos, relacionados ou influídos por "ismos" como o deconstrutivismo, o posmodernismo, o estruturalismo ou o situacionismo. Enquadra-se, pois, dentro da posta ao dia do pensamento revolucionário posterior a maio do '68.

Explica Laclau que queriam "ir além das perspectivas teóricas que o marxismo pensara. Por caso, este baseava-se arreo na simplificaçom dos conflitos sociais baixo o capitalismo: as classes médias e o campesinhado esmoreceriam e à fim, o único conflito social da história disputariam-no a burguesia e umha massa proletária homogénea. Isso foi o que pugemos em questom, porque a história avança, ao contrário, no senso dumha crecente heterogeneizaçom da estrutura social. O problema político fulcral, agora, é como construirmos umha identidade comum a partir dumha hetereogeneidade de identidades". O seu posmarxismo reclama a democrácia radical, defende o pluralismo e a apertura das sociedades.

Laclau critica a pretensom marxiana de explicar toda a dinámica social em base à luita de classes, já que na práctica, os movementos transformadores consistem numha aliança de luitas de diverso tipo (ecologistas, nacionalistas, pro-direitos civís, feministas, etc). Assi, e no tocante ao nosso caso, pergunta-se "que ocorreria se as demandas do particularismo galego nom som simplemente particularistas, senom que através delas, umha aspiraçom humana mais geral acada expressom? Despois desta entrevista, terei umha juntança com um grande intelectual galego, Xosé Manuel Beiras. El tentou expressar todo isto no seu trabalho e nas suas opções políticas, com muita claridade". E engade: "Em Argentina tivemos como exiliado a Castelao. Foi umha grande figura na que o particularismo das demandas confluia com o universalismo dum horizonte cara ao que apuntavam. Os seus fantásticos debuxos sobre a Guerra Civil som tam galegos como universais".

O seu último livro é A razom populista (2005), no que nom se lhe dá ao populismo o intrinsecamente negativo com o que o presentam os médios habitualmente (veja-se o tratamento das notícias sobre Venezuela, Bolivia, Ecuador, etc), senom como umha forma política que resposta a demandas até esse momento ocultas, sem voz (e isto lembra-me que já vai sendo hora de postear algo sobre o populismo original, é dizer, o surgido em Rússia no século XIX, do que levo tempo querendo falar em OutraEsquerda por parecer-me moi interessante e recuperável. Noutra ocasiom será...). Laclau explica isto num artigo de outubro do 2006. E podemos ve-lo e escoita-lo falar acerca da Latinoamérica actual no seguinte vídeo:





Hai que mencionar que, tal e como se comenta na entrevista, o pensamento de Laclau enfronta-se ao de outro importante teórico contemporáneo do campo marxista, o esloveno Slavoj Zizek. Para Laclau, Zizek caeu "numha caste de ultraesquerdismo abstracto". Sem conhecer praticamente nada do pensamento do Zizek, só a charla que saíra publicada em Tempos Novos tempo atrás, estou tentado de dar-lhe a razom ao argentino...

A entrevista de Tempos Novos nom está disponível em internet, lamentavelmente, assi que se a queredes ler teredes que ir ao kiosko. Si que se pode consultar na rede esta outra (em castelhano), assi como umha moi interessante entrevista com Laclau e Mouffe (em inglês). Ademais, um par de artigos de Laclau, publicados na revista Marxism Today nos anos 1981 e 1991 respectivamente, si estám disponíveis na rede em formato pdf: Socialist Strategy: Where Next? e God Only Knows. Assi que, a ler todo isto, e que aproveite!

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