Reproduço a seguir um magnífico artigo de
Laura Bugalho; adoito coincidir com as suas visões, mas neste caso a concordância é total. Gosto do fondo e da forma do que está a dizer, e não me resisto a salientar em negrito algumas frases que me parecem particularmente inspiradas. Por suposto, gostei especialmente do derradeiro parágrafo, no que fala do Encontro Aberto e que por certo entronca com a anterior postagem publicada neste blogue. Como militante / simpatizante / observador de movimentos da esquerda independentista / soberanista / chama-lhe como queiras, sinto-me plenamente identificado com estes anseios.
(Laura Bugalho assistiu à mani de Causa Galiza o passado 25 de Julho e pronunciou um discurso que se pode ler
aqui.)
"Los hermanos sean unidos, esa es la ley primera, porque si no, nos devoran los de afuera", Martín Fierro, de Jose Hernandez
Que os irmãos e as irmãos sejam unidas, essa é a lei primeira, poque se não devoram-nos os de fora, esta frase que ressoa em todo o cone sul de América, no rio da Prata, entrana uma grande afirmação, cheia de sabiduría popular, posta na boca de um Gaucho, de um Velho que não deixa pedra sobre pedra mentando os acertos e falhas que de costume reiteramos nas nossas vidas individuais e coletivas.
Mas uma vez temos o dever de somar-nos, de olhar que os de afora são quem está a exercer aquelas formas de violência, desde as mais subtis até as mais palpáveis. São os que estão a despedaçar o nosso ethos, a nossa língua, a nossa fala. São os que estão na venda silenciosa das nossas conquistas sociais, os que promulgam as leis e decretos que nos vulneram e violentan, e também aqueles/as que aplaudem e/ou consintem o seu fazer, aqueles que olham o actual plano constitucional como o único possível, aqueles que nos denunciam, que nos julgam , que desejam ver-nos nas cadeias ou silenciar-nos com as suas gadanhas de medo.
E nós, longe de nos amedonhar, arremuinhámos-nos por volta das nossas vontades e entidades, sem consciência de que a nossa divisão é estéril, e não só não produz mas que sombras de quem somos se não que somos as sombras das luzes que prendem os que nos violentam.
Às vezes desejaria ter voz unísona e clara para reunir antes de que nos devorem. Os tempos não são para perder-se em questões semánticas ou personalismos. Nós somos a terra, cada uma e cada um de nós levamos semente, em terra queimada, terra erma e seródia nada medra.
Escrevo isto diante do dia da nossa matria Pátria, da nossa Terra que aguarda as mil Primaveras mais. Escrevo com raiva, com lágrimas nos olhos não para anceio de esmola, se não para gestos de honra, de irmandade e de luta.
A realidade na que estamos tem que ter respostas sinceras e cordiais. Mete medo que historiaram de nós de aqui em tantos anos. Faltam poucos dias, acumular forças.
Estes dias atrás asisti ao Encontro Aberto, alá estavam as Companheiras e Companheiros no Soberanismo. Alá departiam desde a Independência e a Socialdemocracia, e entendim que seriam parte da terra liberta, alá estavam autónomas e autónomos, donas e donos de empresas, e entendin que nós, que somos do berro aceso "independentzia da socialismoa", "independentzia eta komunismoa", somos parte da luta soberanista.
A realidade na que estamos, e de seguir assim os de fora vão-nos devorar.
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