Provocador decálogo (1950) do heterodoxo Karl Korsch.
1. Já não tem sentido perguntar em que medida o ensino de Marx e Engels é, hoje, teoricamente aceitável e praticamente aplicável.
2. Hoje, todas as tentativas de restabelecer a doutrina marxista como um todo na sua funçom original como umha teoria da revoluçom social das classes trabalhadoras som utopias reaccionárias.
3. Mália serem basicamente ambíguos, hai, sem embargo, aspectos importantes do ensino marxiano que, na sua funçom cambiante e aplicáveis a diferentes localizações, tenhem mantido a sua eficácia até hoje. Além disso, o impulso gerado pola práxis do velho movimento operário marxista foi atualmente incorporada na prática as lutas dos povos -e classes.
4. O primeiro passo para restabelecer umha teoria e prática revolucionária consiste em romper com esse marxismo que pretende monopolizar tanto a iniciativa revolucionária como a sua direcçom teórica e prática.
5. Marx hoje é apenas um entre os vários precursores, fundadores e colaboradores do movimento socialista da classe trabalhadora. Nom menos importante é o chamado socialismo utópico desde Tomás Moro até o presente. Nom menos importantes som os grandes rivais de Marx, como Blanqui, e os seus inimigos jurados, como Proudhon e Bakunin. Nom menos importante, no resultado final, som os mais recentes desenvolvimentos, como o revisionismo alemão, o sindicalismo francês, e o bolchevismo russo.
6. Os seguintes puntos som particularmente críticos para o marxismo: (a) a sua dependência em relação às condições de subdesenvolvemento económico e político na Alemanha e em todos os outros países da Europa Central e Oriental onde ia ter relevância política, (b) a sua adesom incondicional às formas políticas da revoluçom burguesa, (c) a aceitaçom incondicional das avançadas condições econômicas de Inglaterra como um modelo para o futuro desenvolvimento de todos os países e como precondições objectivas para a transiçom para o socialismo; ao que se deve engadir; (d) as consequências das suas repetidas tentativas desesperadas e contraditórias para sair destas condições.
7. Os resultados destas condições são: (a) a sobreestimaçom do Estado como o instrumento decisivo da revoluçom social, (b) a identificaçom mística do desenvolvimento da economia capitalista coa revoluçom social da classe trabalhadora; (c) o subseqüente desenvolvimento ambíguo desta primeira forma da teoria marxiana da revoluçom pola inserçom nel dumha teoria da revoluçom comunista em duas fases; esta teoria, dirigida por um lado contra Blanqui, e por outro contra Bakunin, furta-lhe ao movimento actual a verdadeira emancipaçom da classe trabalhadora e coloca-a de volta no futuro indefinido.
8. Este é o punto de inserçom do desenvolvimento bolchevique ou leninista; e é nesta nova forma como o marxismo foi transferido para Rússia e Ásia. Deste jeito alterou-se o marxismo; de umha teoria revolucionária, tornou-se umha ideologia. Esta ideologia poderia ser e tem sido utilizada com fins diversos.
9. É a desde este punto de vista que um chega a julgar com espírito crítico as duas revoluções russas de 1917 e 1928, e é desde este ponto de vista que é preciso determinar as funções desempenhadas hoje polo marxismo em Ásia e a escala mundial.
10. O control dos trabalhadores sobre a sua produçom nom se obterá pola via de ocuparem as posições nos mercados mundiais abandonados pola autodestrutiva “livre competência” dos donos monopolísticos dos meios de produçom. Este control só pode resultar de umha intervençom planeada, de todas as classes hoje excluídas dela, numha produçom que hoje já está tendendo em todos os sentidos a ser regulamentada dumha forma monopolista e planeada.
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