Hamburgo é a cidade portuária por excelência, e é o bárrio de Sankt Pauli o que lhe dá esse carácter. É ali onde está a famosa Reeperbahn, a rua que buscam os marinheiros que recalam na cidade em busca de diversiom, chame-se alcool, prostitutas ou vida nocturna em geral. É ali onde tocaram os Beatles antes de ser famosos, aprendendo o ofício de entertainer nos seus bares. É ali onde se celebra o mercado do peixe, cada domingo de madrugada, um espectáculo digno de ver. É ali, nesse bárrio de punkis, trabalhadores, inmigrantes, prostitutas e bohémios, onde tem a sua sede o FC St. Pauli, a "única" equipa de Hamburgo (a que conhecemos como "Hamburgo", ali chamada HSV polas suas siglas, joga nas aforas da cidade; só o St. Pauli tem o estádio no centro). E a sua identificaçom com o entorno nom pode ser mais singular.
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Nom me vou deter a explicar a história antiga do St. Pauli. Interessa-me mais bem o que significa hoje em dia: a alternativa roxa, ácrata, solidária e borrachuza ao fútbol mundial. Si senhores, a sua nom é umha simple oposiçom ao "grande" de turno (neste caso o HSV), senom umha emenda à totalidade do estado das cousas, umha forma diferente -melhor e moito mais divertida- de entender este deporte (ou quase qualquer outro, já que o clube tem umha dúzia de secções. O espírito do que falamos começou nos anos oitenta, tras mudar o estádio à sua localizaçom actual perto da Reeperbahn. Isto aumentou a sua afeiçom, que se significava pola festa que montava, assi como polo seu carácter antifascista, algo raro entre os ultras de aquela época.
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De feito, o St. Pauli foi um clube pioneiro ao prohibir, já daquela, a exhibiçom de simbologia direitosa no estádio. É daquela quando se adoptou como símbolo extraoficial a calavera com os ósos cruzados. Surgiu entom o culto ("Kult") moderno a esta equipa -que conta com a simpatia de milhões de seguidores em toda Alemanha-, e de ali em adiante, todo foi a mais. Mália jogar quase sempre em 2ª ou 3ª divisom (som pouquíssimas as vezes que jogou a Bundesliga), o estádio ateiga-se sempre. Dá igual que os outros campos da categoria tenham umha afluência de 2.000 ou 3.000 espectadores; o Millerntor Stadium adoita encher os seus 15.000 asentos. E nom será polos éxitos, já que os seus logros mais lembrados som: umha (a única) vitória sobre o Hamburgo... em 1977(!); a vitória em 2002 sobre o entom campiom de Europa, o Bayern -com as conseguintes vendas de camisetas com a lenda "Weltpokalsiegerbesieger" ("vencedores do vencedor da copa do mundo")-; e a clasificaçom para as semifinais da copa no 2006. .
. Quase o melhor para fazer-se umha idea da peculiar idiosincrásia desta equipa é citar alguns dados sem ordem aparente:
- Cada partido no seu campo abre-se com a cançom "Hell's Bells" de AC/DC, como se pode ver no vídeo (e despois de cada gol disque ponhem "Song 2" de Blur). .
- Tenhem um presidente declaradamente homosexual.
- Em 2006 o clube organizou a FIFI Wild Cup, um mundial alternativo entre seleições nom reconhecidas pola FIFA. Participaram Tibet, Groenlándia, Zanzíbar, Gibraltar, a república turca do norte de Chipre (que se proclamariam campiões), e o própio St. Pauli, que competiu baixo o nome de "República de St. Pauli".
- Nos '90 surgiu umha rivalidade com o Hansa Rostock, devido à presença de neonazis entre os seguidores desta equipa. Quando o Hansa tomou medidas contra os seguidores, aos que acabou prohibindo, a rivalidade esmoreceu. A rivalidade com o HSV Hamburgo por suposto continua, nom exenta de significado ideológico: os ultras do HSV adoitam corear consignas fascistas contra eles (segundo a Wiki, mesmo "Eine U-Bahn bauen wir / von St. Pauli bis nach Auschwitz", ou "faremos um metro / entre St Pauli e Auschwitz").
- No ano 2002 quase entram em bancarrota. Fixérom camisetas para recaudar fondos, e vendérom 140.000 em 6 semanas. Nesse mesmo ano, o clube retirou do estádio a publicidade da revista Maxim, tras as críticas dos fans polo contido sexista da mesma (o que tem mais mérito se nom andas bem de cartos...)
- No 2005 levárom a cabo a campanha benéfica "Viva con agua de St. Pauli", com o fim de recaudar cartos para dispensadores de auga nas escolas de Cuba.
- As afeições do St. Pauli e do Celtic de Glasgow estám irmandadas, despraçando-se os siareiros do St. Pauli aos partidos continentais do Celtic. Veja-se está cançom (o "Irish rover" com a letra cambiada, basicamente).
- Segundo reporta Pablo na sua recolhida de informaçom da classe trabalhadora hamburguesa, "St Pauli? Esses anarquistas! Nom som persoas! Se vas ao seu estádio mexam por ti!".
P.S. Acabo de voltar do bar -aqui em Groningen-, de ver a final da Champions, e ali um tipo dirigiu-se a mim, sinalou a minha camiseta sanktpaulina, e ergueu o pulgar dizindo "St. Pauli!". Algo parecido me passara cum segureta em Gatwick, daquela ia com umha camiseta do Celtic... eis outra vez a ligaçom ;-) Por cousinhas como estas é polo que vale a pena que exista o futebol.
Parabéns! Encantoume este artigo. O único que me gusta do fútbol é cando o Celta lle gaña ó deportivo (para tocarlle as narices a un que todos coñecedes)pero estou dacordo en que con Clubes así...Merece a pena!!! Parece interesante esta cidade!!
Um comentário:
Parabéns!
Encantoume este artigo.
O único que me gusta do fútbol é cando o Celta lle gaña ó deportivo (para tocarlle as narices a un que todos coñecedes)pero estou dacordo en que con Clubes así...Merece a pena!!!
Parece interesante esta cidade!!
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