quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Manifesto fundacional da USG

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Xohán Xesús González foi o primeiro em conjugar nacionalismo galego e socialismo marxista, adiantando-se mais de 30 anos à fundaçom do PSG e a UPG. Mália a sua importância, nom é tam conhecido como outras figuras políticas da época da II República espanhola. Por isso é umha boa nova que Isca decidisse recentemente disponibilizar online um texto, cuja leitura recomendamos, no que se repasa a sua trajectória. Queremos fazer um pequeno contributo com a publicaçom deste outro documento, o manifesto fundacional do partido fundado por el em 1931: a Uniom Socialista Galega. Cómpre aclarar que o texto original estava em espanhol, polo que o que segue é umha traduçom; assi como agradecer a Vítor Martins Cacharrom que no-lo facilitara, pois nom é doado de atopar.

..Unión Socialista Gallega

. Unión Socialista Galega

MANIFESTO FUNDACIONAL DA UNIOM SOCIALISTA GALEGA

À juventude universitária, aos camponeses, aos operários da Galiza. Saúde.

É o Partido político Uniom Socialista Galega, como o seu lema titular o implica, um partido socialista, genuinamente marxista e, como tal, postula as bases fundamentais do socialismo integral. Respeitará a pequena propriedade, que nom é tanta nem tam abundante, por desgraça, na nossa terra, como crem nom poucos sociólogos, entanto esta pode ser considerada como instrumento de trabalho. Mais além deste respeito à pequena propriedade do camponés galego, o partido Uniom Socialista Galega, como partido socialista que é, ao se preocupar, cingindo-se ao imperativo categórico dos seus deveres, por umha melhor organizaçom da vida social e económica de Galiza, nom aceita dumha maneira cega e incondicional (porque nom poderia aceitá-lo sem detrimento da sua ideologia) a conhecida fórmula dos fisiócratas -laissez faire, laisez passer- que deu forma prática ao individualismo kantiano. Pois como nom podia menos de ser, de acordo com a teoria da transformaçom da propriedade e Fichte -que nom é nengumha novidade- e das escolas socialistas posteriores, entendemos que o disfrute da propriedade há de estar condicionado, já que esta, em boa justiza, vem obrigada a realizar a sua funçom social, independentemente da vontade do seu dono e en interesse da economia e do bem-estar gerais. Desta maneira aceitamos o princípio “pequeno proprietário”.

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Mais nom somente o aceitamos senom que o defendemos e em tal sentido luitaremos pola desgravaçom da pequena propriedade rústica da nossa terra, das tributaçons fiscais, assi como -em razom de útil trabalho que é- pola inembargabilidade desta.

O socialismo que propugnamos -um socialismo para e da Galiza- poderá nom parecer-lhes aos socialistas gregários do Partido Socialista centralizador, mui ortodoxo, mais nom por isso deixa de ser umha posiçom, a nossa, perfectamente marxista embora se desvie um tanto do “pablismo” das organizaçons socialistas a ultranza.

É outro socialismo, nom o duvide ninguém, mais nom o que se manda predicar desde Madrid, o que Galiza necesita na hora presente e outro tamém o que nós defendemos para ben da Galiza, con todas as consecuéncias dos nosos postulados programáticos, que devemos de dirixir abertamente por novos derroteiros, non pola senda trillada e ainda trasnoitada do caudillismo clasista século XIX.

A uniformidade rígida, dura e inflexível, do clássico socialismo espanhol, a sua estrutura centralizadora, afastada das novas correntes autonomistas espertadas nas velhas nacionalidades ibéricas, é o ponto capital que nos insta a criar e formar Uniom Socialista Galega como partido necesário a Galiza para entender na sua vida económica e social específicas, na organizaçom política e social do seu Estado autónomo, na formaçom da sua legislaçom, na soluçom dos seus problemas próprios, na preparaçom e na formaçom cultural e técnica das suas geraçons de trabalhadores de “todas classes” do músculo e do cerebro, dizimos nós, e enfim, em todo quanto se relacione com o progresso material e moral do nosso povo. E tem que cumprir isto Uniom Socialista Galega com olho vivo, o ouvido alerta, a arma ao braço, para escorrer da vida pública a todos os que nom sejam dignos de governar os destinos da Galiza, quer socialistas ou nom, com o altruismo, o sacrifício e a decência pública que para umha tam alta missom é preciso.

Luitará Uniom Socialista Galega polas reivindicaçons imediatas seguintes:

Na orde política.

1. Propugnamos um Estado galego, livre de toda tutela centralista, somente cingido ao concerto federal que há de levar o ritmo dos Estados ibéricos. Umha Galiza, pois, dona dos seus desígnios históricos, com própria Universidade, própria escola, próprio idioma e própria cultura.
2. Postulamos umha Galiza que saiba agrandar-se mediante o esforço, o estudo, o sacrifício e o trabalho de todos os galegos unidos numha soa comunidade ideolóxica, representada polo alto sentimento da nossa amada terra.
3. Vamos à exaltaçom fervorosa de todos os nossos valores económicos, sociais, raciais e espirituais e à imediata criaçom do culto galeguista com todas as suas consecuências históricas.
4. Luitaremos por umha Galiza que saiba incorporar-se ao ritmo dos povos civilizados, com própria significaçom, com eficiente personalidade e com emoçom criadora.
5. Queremos umha Galiza que sinta e ame o gesto ecuménico da sua cultura específica. Que sinta e ame a expansom da sua ciência, da sua arte, do seu trabalho, da sua indústria, da sua economia e da sua organizaçom social.
6. Esforçaremo-nos por dar igualdade política ao home e à mulher arrancando aos domínios tiránicos do Estado clássico, o direito de sufrágio aos vinte anos.
7. Queremos que toda autoridade emane da parróquia como célula fundamental e essencial do viver galego.
8. Luitaremos por umha Galiza que anteponha a todos os valores extrínsecos a valoraçom da sua própria dignidade e o prestígio da sua tradiçom generosamente liberal.
9. Queremos umha Galiza antiguerreira e inimiga de todo imperialismo que nom seja o imperialismo do trabalho, do saber e da cultura.
10.Vamos à instruçom gratuíta para todos os galegos, e propugnaremos a obrigatoriedade do Estado autónomo, a fim de que, neste sentido, se encarregue de todo o que é manutençom da populaçom escolar em todos os graus do ensino, que há de verificar-se por um rigoroso princípio selectivo.
11.Galiza é um povo de trabalhadores e recabamos a absoluta liberdade e respeito para todos os princípios políticos e sociais que ostentem.

Na orde agrária.

1. Pola libertaçom do agricultor da usura, tan estendida por Galiza en todas as suas formas e pola aboliçom das aparcerias de gandos e terras de labor como causas fatais do nosso empobrecimento agrícola e gandeiro.
2. Pola desgravaçom da pequena propriedade -entanto seja considerada como instrumento de trabalho- e pola inembargabilidade desta.
3. Pola desapariçom do foro do nosso meio económico agrário.
4. Polo abolicionismo emigratório e por todo quanto favoreza o progresso económico da Galiza.
Para isto Uniom Socialista Galega fomentará a organizaçom agrária e as federaçons deste tipo por comarcas homogéneas na produçom até chegar à organizaçom total do campo galego. Como umha consequência desta organizaçom, fomentará assi mesmo a cooperaçom em todas as suas formas: de crédito, de produçom, de venda em comum dos produtos agrícolas, de compra e construçom de vivendas familiares.

Na orde industrial e operária.

1. Pola organizaçom dos trabalhadores em asociaçons de resisténcia contra a opresom capitalista que defendam os seus interesses de classe con inteira independência de prejuízos partidistas suicidas.
2. Pola organizaçom racional da indústria. Pola desapariçom do desemprego operário permanente e polo seguro social, em todas as suas formas e, enfim, pola criaçom de todas as instituiçons, que sem mingua do impulso combativo dos trabalhadores tendam a melhorar a vida das classes produtoras de Galiza.
O trabalhador galego tem de se libertar de toda tutelage política, venha donde vir, chame-se como se chamar, para formar a sua frente única gremial.

Conclusom.

Com todo o que antecede, sintetizamos, no possível o amplo corpo de doutrina que anima o partido Uniom Socialista Galega e estamos seguros de ter falado claramente para todos os galegos. Somos socialistas por temperamento, por essência e por definiçom, apesar da qualidade adjectiva que se nos tem querido atribuir e por aquela razom defendemos em Galiza, por ser antes que nada galegos, a mais absoluta liberdade para a nossa nacionalidade que jamais supeditaremos a crença ou qualquer convicçom.

Pola irmandade de todos os galegos Uniom Socialista Galega saúda e oferece a sua mão cordial e efusiva ao Partido Galeguista, única comunidade de patriotas que defende com emoçom e galardia os direitos imanentes da Galiza que atropelárom e pisárom os velhos clans caciquis e pretendem esquecer os grandes partidos centralistas, persistindo asi num grave erro histórico que estamos dispostos a desfazer, ainda que para iso tenhamos que apelar aos métodos violentos da revoluçom.

Pola liberdade da Galiza e polo triumfo da causa dos oprimidos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Aquí podeis descarregar e ver online o pdf maquetado: http://iscagz.org/biblioteca/caderno-xohan-xesus-gonzalez/.

Saúde!