Proudhon e os seus filhos, obra de Gustave Courbet (circa 1863)
Pierre-Joseph Proudhon foi sem dúvida um dos mais destacados filósofos políticos do s. XIX. Foi também um escritor prolífico e, mália ser maiormente autodidata, de grande talento. Entre a sua extensa obra contam-se “best-sellers” como “O que é a Propriedade? Pesquisa sobre o Princípio do Direito e do Governo” (1840), onde se acunha o famoso slogan “a propriedade é um roubo”. Também sua é a frase “A anarquia é ordem”, que deu lugar ao famoso símbolo Ⓐ, hoje em dia representativo de todo o anarquismo.
Porém, é difícil resumir ou etiquetar a sua ideologia. Na antologia do anarquismo “Nem deus nem amo”, Daniel Guérin afirma o seguinte: “Foi simultaneamente o pai do socialismo científico, da economia política socialista e da sociologia moderna, o pai do anarquismo, do mutualismo, do sindicalismo revolucionário, do federalismo e dessa forma particular de coletivismo que tem recuperado uma nova relevância hoje em dia como autogestom. (...) Por último, e por encima de todo, foi a primeira persoa em antecipar e denunciar profeticamente os perigos implícitos num socialismo autoritário, estatista, dogmático.”
Esta heterodoxia tem-lhe proporcionado poucas simpatias entre as diversas correntes estabelecidas na esquerda. Principiando, como nom, polos marxistas clássicos, que sempre o apelidárom de reacionário. Este desprezo vem já do próprio Marx, quem trás ler o livro de Proudhon “Sistemas de contradições econômicas ou filosofia da miséria” (1846) - onde se criticava o socialismo autoritário – publicou como réplica “Miséria da filosofia”. Mas também se critica a Proudhon desde outras ramas da esquerda revolucionária, incluindo o anarquismo. A sua disposiçom a participar em eleições, a sua defensa da via das reformas políticas, o seu republicanismo, convertem-no num alvo fácil (“pequeno-burguês!”).
A mim, persoalmente, esta heterodoxia de Proudhon (incluindo as suas contradições e os câmbios de opiniom que tivo ao longo da sua vida) resulta-me mui atrativa. Nom concordo com todas as suas idéias, mas a sua visom parece-me inspiradora, especialmente nestes tempos em que compre revisar tantas cousas.
As obras de Proudhon podem-se atopar facilmente em qualquer biblioteca ou, como nom, no internete. Um texto interessante, que ademais está disponível na nossa língua, é o “Manifesto eleitoral do povo”, publicado originalmente no Journal du Peuple entre o 8 e o 15 de Novembro de 1848. Pode-se baixar de aqui.
2 comentários:
Interessante entrada e obrigado polo linque.
Gosto moito da túa páxina e das túas entradas. Saúdos
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