Patrick Harvie, do partido verde
escocês, explica que hai muitos motivos para estar a
prol da independência mesmo se um nom é nacionalista. Texto originalmente publicado na web YesScotland.
No verão de 2012
escrevim que estava desejando votar “Si” a uma Escócia
independente em 2014, mas que a razom para fazê-lo nom era o
"nacionalismo". Tem sido uma pulha habitual daqueles que
fam campanha contra a independência escocesa o dizer que qualquera
que pretenda votar Si é um "nacionalista". Isso
simplesmente nom é verdade.
A identidade
nacional nom é o cerne da minha política. Em realidade, nom é em
absoluto relevante para a minha política. Pode-se chegar a uma visom
a favor da independência sem estar motivado polo nacionalismo
escocês, do mesmo jeito que se pode chegar a uma visom a favor de
permanecer no Reino Unido sem estar impulsionado polas políticas
identitárias de "britanicidade".
Eu vou votar Si com
a convicçom de que a transformaçom que
precisam a nossa sociedade e a nossa economia
- uma transformaçom que eu acredito que a política verde representa
- pode ser alcançada mais facilmente
por Escócia se é um pequeno país independente.
Nom todos os Verdes
pensam assi. O Partido Verde Escocês tem debatido a independência
de vez em quando nas nossas conferências de partido e rematamos com
uma maioria favorável de dous-para-um aproximadamente. Mas depois
nunca o discutimos! Aos Verdes une-nos como partido uma agenda
diferente – a qual pode ser levada a cabo numa Escócia parte do
Reino Unido, ou como país independente. É só que a maioria de nós
acha que a independência seria uma ajuda.
Desde sempre os
Verdes estivemos comprometidos com a descentralizaçom. Para que a
democracia seja forte é importante que as persoas se sintam
conectadas com as decisões que os afetam, e isto consegue-se melhor
mediante a participaçom ativa nas decisões locais. Ao contrário de
muitos dos pequenos países independentes do norte de Europa com os
que Escócia é frequentemente comparada, temos um nível mui baixo
de participaçom na tomada de decisões e uma forma mui centralizada
de governo. Isso poderia ter mudado com a devoluçom, mas em vez
disso temos visto como ainda mais poder é sugado do nível local e
levado para a casa de St Andrew’s [sede do governo escocês]. Assi
que nós os Verdes vemos a independência nom simplesmente como o
abandono do Reino Unido: trata-se de reconhecer que o
poder político começa a nível local e só deve ser transferido
cara arriba quando haja uma poderosa razom para fazê-lo.
Os Verdes queremos
descentralizar o poder, mas isso significa tanto
poder econômico como poder político.
Se o nosso governo parece centralizado, nom é nada comparado com a
nossa economia. Em muitas áreas da vida um punhado de
mega-corporações dominam os mercados e deixam-nos dependentes dos
seus caprichos. A energia, os serviços financeiros e o comércio som
talvez os exemplos mais óbvios. Descentralizar a economia e
concentrar-se no desenvolvimento de sistemas que atendam mais a miúdo
as necessidades locais com recursos locais faria as nossas economias
locais mais resistentes, ao tempo que reduziria a demanda de
transporte e as emissões climáticas.
Em muitas questões,
os Verdes temos posturas diferentes às de outros partidos do
movimento pró-independência. Nunca seremos um partido que se queira
posicionar como um amigo da indústria do petróleo, por exemplo. Mas
a política pro-combustíveis fósseis tem vindo de governo trás
governo ao nível do Reino Unido, nom só dos governos recentes da
Escócia - incentivos fiscais para empresas de petróleo, permissões
para a expansom a céu aberto e apoio político para o
desenvolvimento de novas fontes de combustíveis fósseis "nom
convencionais", tais como a perforaçom de petróleo em augas
profundas, o metano de leito de carvom e o fracking de gás de xisto.
Os Verdes escoceses somos o único partido político que desafia
continuamente essas políticas. Desafiariamo-las igual se foram
exercidas em Londres ou em Edimburgo.
Entom, mudaria algo
a independência? Seria capaz uma Escócia independente, tam
dependente da indústria do petróleo, de uma abordagem
verdadeiramente Verde a estes recursos? Nom vou pretender que seria
fácil ganhar o argumento para uma abordagem diferente. Mas já o
estamos perdendo agora, e nom vejo nenguma perspectiva de que o Reino
Unido vaia ser persuadido a fazer o que precisa ser feito.
Diz-se que quando um
homem sabe que vai ser enforcado numa quinzena, concentra a sua mente
maravilhosamente. Assumir a responsabilidade sobre o setor de
petróleo e gás e enfrentar a sua iminente sentença de morte
concentraria as mentes políticas da Escócia mais que qualquer outra
cousa que poida imaginar. Nesta, ao igual que noutras áreas
políticas, acredito que a Escócia poderia ser um dos países que
mostrassem a liderança que é necessária neste momento da história
humana.
Ademais de deixar
sem queimar os combustíveis fósseis, poderíamos
ser pioneiros em novas abordagens para a economia,
substituindo a obsoleta e enganosa estatística do PIB por
indicadores que mostrem a saúde e bem-estar da nossa populaçom, a
força das nossas comunidades, o reparto da nossa riqueza e os
limites ecológicos nos que vivemos.
Em vez de insuflar
bilhões ao exército poderíamos encarar a defensa de diferente
forma e perguntarmo-nos... num mundo onde as verdadeiras ameaças à
segurança humana tenhem mais a ver com comida, auga, energia e clima
do que tenhem a ver com as fronteiras, quem deve ser defendido e de
quê?
Poderíamos
questionar o extremismo do livre mercado das últimas décadas e
encontrar formas de garantir que toda a economia, incluindo as
persoas e empresas mais ricas, sejam responsáveis e devam
contribuir para o bem comum.
Sempre hai quem vê
a política Verde simplesmente como uma lista de políticas
ambientais. Depois estám os que vêem que a política Verde aporta
uma nova análise para os desafios meio-ambientais, econômicos e
sociais que a humanidade está enfrentando, e que apreciam a escala
da transformaçom necessária para que os seres vivam de forma
sustentável. Até onde eu entendo, as bandeiras nom tenhem nada a
ver com essa agenda.
Mas assumir
a responsabilidade polas escolhas que fazemos, pola economia que
praticamos e pola sociedade que construímos está no cerne da
política verde. É por isso que eu vou votar Si em 2014. Nom por
bandeiras, nem por patriotismo, nem por políticas de identidade
nacional, senom para assumir a responsabilidade dos desafios do
século 21.
- Patrick Harvie,
membro do Parlamento Escocês, é co-organizador do Partido Verde
Escocês (Scottish Green Party) e membro do conselho consultivo de Si
a Escócia (Yes Scotland).
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