domingo, 13 de janeiro de 2013

Nom é preciso ser nacionalista para estar a prol da independência



Patrick Harvie, do partido verde escocês, explica que hai muitos motivos para estar a prol da independência mesmo se um nom é nacionalista. Texto originalmente publicado na web YesScotland

No verão de 2012 escrevim que estava desejando votar “Si” a uma Escócia independente em 2014, mas que a razom para fazê-lo nom era o "nacionalismo". Tem sido uma pulha habitual daqueles que fam campanha contra a independência escocesa o dizer que qualquera que pretenda votar Si é um "nacionalista". Isso simplesmente nom é verdade.

A identidade nacional nom é o cerne da minha política. Em realidade, nom é em absoluto relevante para a minha política. Pode-se chegar a uma visom a favor da independência sem estar motivado polo nacionalismo escocês, do mesmo jeito que se pode chegar a uma visom a favor de permanecer no Reino Unido sem estar impulsionado polas políticas identitárias de "britanicidade".

Eu vou votar Si com a convicçom de que a transformaçom que precisam a nossa sociedade e a nossa economia - uma transformaçom que eu acredito que a política verde representa - pode ser alcançada mais facilmente por Escócia se é um pequeno país independente.

Nom todos os Verdes pensam assi. O Partido Verde Escocês tem debatido a independência de vez em quando nas nossas conferências de partido e rematamos com uma maioria favorável de dous-para-um aproximadamente. Mas depois nunca o discutimos! Aos Verdes une-nos como partido uma agenda diferente – a qual pode ser levada a cabo numa Escócia parte do Reino Unido, ou como país independente. É só que a maioria de nós acha que a independência seria uma ajuda.

Desde sempre os Verdes estivemos comprometidos com a descentralizaçom. Para que a democracia seja forte é importante que as persoas se sintam conectadas com as decisões que os afetam, e isto consegue-se melhor mediante a participaçom ativa nas decisões locais. Ao contrário de muitos dos pequenos países independentes do norte de Europa com os que Escócia é frequentemente comparada, temos um nível mui baixo de participaçom na tomada de decisões e uma forma mui centralizada de governo. Isso poderia ter mudado com a devoluçom, mas em vez disso temos visto como ainda mais poder é sugado do nível local e levado para a casa de St Andrew’s [sede do governo escocês]. Assi que nós os Verdes vemos a independência nom simplesmente como o abandono do Reino Unido: trata-se de reconhecer que o poder político começa a nível local e só deve ser transferido cara arriba quando haja uma poderosa razom para fazê-lo.

Os Verdes queremos descentralizar o poder, mas isso significa tanto poder econômico como poder político. Se o nosso governo parece centralizado, nom é nada comparado com a nossa economia. Em muitas áreas da vida um punhado de mega-corporações dominam os mercados e deixam-nos dependentes dos seus caprichos. A energia, os serviços financeiros e o comércio som talvez os exemplos mais óbvios. Descentralizar a economia e concentrar-se no desenvolvimento de sistemas que atendam mais a miúdo as necessidades locais com recursos locais faria as nossas economias locais mais resistentes, ao tempo que reduziria a demanda de transporte e as emissões climáticas.

Em muitas questões, os Verdes temos posturas diferentes às de outros partidos do movimento pró-independência. Nunca seremos um partido que se queira posicionar como um amigo da indústria do petróleo, por exemplo. Mas a política pro-combustíveis fósseis tem vindo de governo trás governo ao nível do Reino Unido, nom só dos governos recentes da Escócia - incentivos fiscais para empresas de petróleo, permissões para a expansom a céu aberto e apoio político para o desenvolvimento de novas fontes de combustíveis fósseis "nom convencionais", tais como a perforaçom de petróleo em augas profundas, o metano de leito de carvom e o fracking de gás de xisto. Os Verdes escoceses somos o único partido político que desafia continuamente essas políticas. Desafiariamo-las igual se foram exercidas em Londres ou em Edimburgo.

Entom, mudaria algo a independência? Seria capaz uma Escócia independente, tam dependente da indústria do petróleo, de uma abordagem verdadeiramente Verde a estes recursos? Nom vou pretender que seria fácil ganhar o argumento para uma abordagem diferente. Mas já o estamos perdendo agora, e nom vejo nenguma perspectiva de que o Reino Unido vaia ser persuadido a fazer o que precisa ser feito.

Diz-se que quando um homem sabe que vai ser enforcado numa quinzena, concentra a sua mente maravilhosamente. Assumir a responsabilidade sobre o setor de petróleo e gás e enfrentar a sua iminente sentença de morte concentraria as mentes políticas da Escócia mais que qualquer outra cousa que poida imaginar. Nesta, ao igual que noutras áreas políticas, acredito que a Escócia poderia ser um dos países que mostrassem a liderança que é necessária neste momento da história humana.

Ademais de deixar sem queimar os combustíveis fósseis, poderíamos ser pioneiros em novas abordagens para a economia, substituindo a obsoleta e enganosa estatística do PIB por indicadores que mostrem a saúde e bem-estar da nossa populaçom, a força das nossas comunidades, o reparto da nossa riqueza e os limites ecológicos nos que vivemos.

Em vez de insuflar bilhões ao exército poderíamos encarar a defensa de diferente forma e perguntarmo-nos... num mundo onde as verdadeiras ameaças à segurança humana tenhem mais a ver com comida, auga, energia e clima do que tenhem a ver com as fronteiras, quem deve ser defendido e de quê?

Poderíamos questionar o extremismo do livre mercado das últimas décadas e encontrar formas de garantir que toda a economia, incluindo as persoas e empresas mais ricas, sejam responsáveis ​​e devam contribuir para o bem comum.

Sempre hai quem vê a política Verde simplesmente como uma lista de políticas ambientais. Depois estám os que vêem que a política Verde aporta uma nova análise para os desafios meio-ambientais, econômicos e sociais que a humanidade está enfrentando, e que apreciam a escala da transformaçom necessária para que os seres vivam de forma sustentável. Até onde eu entendo, as bandeiras nom tenhem nada a ver com essa agenda.

Mas assumir a responsabilidade polas escolhas que fazemos, pola economia que praticamos e pola sociedade que construímos está no cerne da política verde. É por isso que eu vou votar Si em 2014. Nom por bandeiras, nem por patriotismo, nem por políticas de identidade nacional, senom para assumir a responsabilidade dos desafios do século 21.

- Patrick Harvie, membro do Parlamento Escocês, é co-organizador do Partido Verde Escocês (Scottish Green Party) e membro do conselho consultivo de Si a Escócia (Yes Scotland).

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