segunda-feira, 24 de março de 2008

O Kibutz: Que, por que, quando, onde (II)

2ª parte da panorámica sobre os kibutzim. Sinalam-se as principais diferenças entre o "antes" e o "agora", despois dam-se alguns dados económicos e remata-se com algumhas considerações sobre o presente e o futuro destas colectividades.
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Fontes de ingressos.

ANTES:
No princípio, a economia kibutziana baseava-se totalmente na agricultura; posteriormente, na agricultura, à qual se somou a indústria.

HOJE:
A agricultura kibutziana continua sendo significativa no contexto nacional, mais a sua importância interna minguou. No presente, só 15% dos membros dos kibutzim se ocupam em tarefas agrícolas. A contribuiçom da indústria se estabilizou. Nos últimos anos cresceu o número de integrantes que exercem profissões liberais fora do kibutz. Um número cada vez maior de kibutzim operam serviços de caráter comercial, como lavanderias, restaurantes, jardins de infantes e piscinas. Transformárom-se em centros de turismo comercial, compras de fim de semana e lezer.

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Igualdade

ANTES:
Durante muitos anos os kibutzim defenderam a igualdade do ser humano, baseada no princípio "cada qual segundo as suas capacidades, a cada qual segundo as suas necessidades". O kibutz brindava aos seus membros toda umha gama de serviços, desde a pasta de dentes até a moradia, e desde a lua-de-mel até a ajuda econômica aos seus membros que viviam no exterior. A câmbio disso, esperava-se que os novos integrantes transferissem ao kibutz todas as suas pertinências, com a só exceçom dos seus objetos persoais.

HOJE:
A igualdade total, como princípio absoluto, está em extinçom. Os kibutzim geralmente tratam de minimizar a desigualdade em termos dos serviços comunais que se proporcionam a seus membros, como alimentaçom, cuidado da saúde e a educaçom. Mais existe um pequeno control sobre as principais fontes de desigualdade: o ingresso privado dos indivíduos, como a renda de um apartamento na cidade ou dinheiro que se recebeu em herança.

Retribuições e ingressos

ANTES:
Os membros do kibutz recebiam umha dotaçom mensal (que dependia do tamanho da família), independentemente do tipo de trabalho que realizassem. Estas dotações estavam destinadas unicamente a cobrir gastos específicos como roupa, jornais e férias (ver “necessidades básicas” mais adiante).

HOJE:
Um pequeno mais crecente número de kibutzim adoptou ou está estudando um sistema de remunerações diferenciais, até hai pouco considerado como algo inaceitável. As novas propostas geralmente incluem um salário mínimo, com um pago maior para os membros veteranos, para os que exercem tarefas de responsabilidade e para aqueles que trabalham fora do kibutz e gozam de salários elevados. Os orçamentos dos membros ampliárom-se e permitem umha margem maior de eleiçom ao consumidor, como por exemplo, comer em casa ou subsidiar as comidas na sala de jantar do kibutz.

Trabalho

ANTES:
No lugar de trabalho: fai-no ti mesmo, evita a contrataçom de trabalhadores assalariados. Os diretores das diferentes ramas de atividades eram eleitos por um sistema de rotaçom no exercício de um cargo, e despois de um período podiam ser substituídos. Eram considerados à par do resto dos trabalhadores, se bem se encontravam a cargo dos organigramas das diferentes ramas de trabalho. O único trabalho externo permitido era no movimento kibutziano.

HOJE:
Em geral, os membros do kibutz nom tenhem direito a rejeitar um posto de trabalho no mesmo. Podem trabalhar tamém fora do kibutz e nom hai limitações no caso de trabalho assalariado, ainda importado. Na atualidade, os integrantes do kibutz constituem só o 40% das forças de trabalho nas indústrias do kibutz. A rotaçom quase nom existe.

Necessidades Basicas

ANTES:
A comunidade preocupava-se da responsabilidade e a ajuda mútua dentro da entidade; a cobertura de todas as necessidades básicas do indivíduo, incluído o trabalho, o quarto, a alimentaçom, a vestimenta, o transporte, a saúde e a educaçom.

HOJE:
Estes princípios seguem basicamente intactos, se bem os seus alcances se reduziram significativamente. O kibutz definiu a sua contribuiçom aos gastos de alimentaçom, fontes de energia, vestimenta, transporte, mantemento doméstico, atividades extra-escolares e alguns gastos médicos nom essenciais, enquanto os membros pagam os excedentes.

Democracia

ANTES:
A autogestom, representada pola assembléia geral dos membros do kibutz, que decidem acerca dos principais temas e escolhem diretamente as comissões e os encarregados de executar os trabalhos.

HOJE:
Muitos kibutzim seguem levando a cabo assembléias gerais, mais a democracia direta foi substituída por entes representativos e votações.

Propriedade comunitária

ANTES:
A propriedade comum de todos os bens e o control coletivo dos meios de produçom. As decisões mais importantes com relaçom às diversas ramas de trabalho eram adotadas pola assembléia geral, na qual podiam participar todos os membros do kibutz.

HOJE:
Ainda existe a propriedade comunitária de todos os bens do kibutz, mais se reduziu gradualmente o control dos meios de produçom por parte dos membros. Isto é conseqüência inevitável do crecemento industrial e do aumento dos emprendimientos conjuntos com o setor privado nas áreas da produçom industrial, a agricultura e o turismo. Outros fatores som o crecente número de diretores e gerentes de fábricas que nom som membros do kibutz.

Vida familiar

ANTES:
Como parte da ideologia da educaçom comunitária os nenos viviam em residências infantis, nas quais havia dormitórios, salas de estudo e quartos de jogo. Os pais estavam com seus filhos só despois das horas de trabalho.

HOJE:
Desde a década do 70, a vida no kibutz se centra mais na família. Todos os nenos vivem com seus pais na casa paterna.

Vida social e cultural

ANTES:
Na etapa preestatal, quando os kibutzim eram menores, a vida social e cultural se caracterizava polo feito de compartir todo e ser "umha grande família". Isto achava a sua forma de expressom na elevada participaçom de todos os membros no planejamento, organizaçom e realizaçom das atividades, que abrangiam desde reuniões com fogueiras e passeos ao ar livre até a prática coral e as danças folclóricas. Cada kibutz designava a um diretor de cultura, que planejava e coordenava as atividades. Os kibutzim laicos adaptaram a suas concepções as comemorações das festividades judias, especialmente as que continham elementos agrícolas, como Pessach, Shavuot e Sucot. Desde a criaçom do Estado engadiu-se a comemoraçom do Dia da Independência, o Dia da Comemoraçom e a lembrança do Dia do Holocausto.

HOJE:
Com a chegada da televisom por cabo e por satélite, os aparatos de vídeo e os computadores pessoais, o lezer tornou-se mais doméstico e centrado na família. De maneira paralela a esta tendência, alguns distritos municipais regionais oferecem umha ampla gama de entretementos organizados para os kibutzim e outras povoações pertencentes às suas respectivas jurisdições. Em geral, os kibutzim nom religiosos seguem realizando as festividades judias e as cerimônias de bar e bat-mitzvá de maneira conjunta. Os casamentos realizam-se mais no seo da família, com poucos convidados; em parte isto deve-se à declinaçom do sentimento de pertenência ao coletivo e em parte a que os kibutzim reduzírom a sua contribuiçom para os gastos do casamento.
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Alguns dados económicos

Em 1998 havia 269 kibutzim onde moravam 116.500 persoas, cifra em leve decrecemento desde uns anos atrás. A porcentage de trabalhadores asalariados duplicou-se durante a década dos ’90, passando do 30% a mais do 60%. A indústria kibutziana supom o 8% das vendas da indústria total israeli, o 8% das exportações, o 4% dos investimentos e o 8% da força de trabalho. Existem cerca de 377 fábricas instaladas em kibutzim, que fabricam produtos metalúrgicos, eletrônicos, plásticos, ópticos e de vidraçaria, alimentos processados, objetos de goma, de coiro e têxteis, produtos químicos e medicinais, artigos de escritório, materiais de construçom, joguetes, jóias e instrumentos musicais. As vendas de 1997 alcançárom 3.000 milhões de dólares USA

Olhando para o futuro

Às portas do ano 2000, o panorama kibutziano atravessa mudanças rápidas e profundas. Desde os seus começos, os kibutzim foram heterogêneos e as suas vastas diferenças provinham, entre outras cousas, do fundo étnico de seus fundadores, as suas concepções políticas e os seus lucros econômicos. Na década do 90, muitos kibutzim mudaram tanto que se tornaram quase irreconhecíveis. Atualmente existe umha crecente divisom entre "ricos" e "pobres", e entre os membros "ricos" e os "pobres" nalguns kibutzim. Existe também umha crecente fenda entre os kibutzim que ainda tratam de manter os velhos princípios (geralmente os mais ricos e economicamente independentes) e os que nom.

Com a implementaçom do último e amplo acordo de cancelamento das dívidas assinado com o governo e os bancos, alguns kibutzim nom rentáveis deverám efetuar grandes ajustes para sobreviver. Outros, rodeados e misturados com os residentes dos novos bairros construídos em terras que anteriormente pertenciam aos kibutzim, podem enfrentar umha crise de identidade. Em muitos casos, os habitantes dos novos bairros som filhos e filhas dos membros do kibutz, que desejam viver nas cercanias mais sem as limitações da sociedade kibutziana e que desfrutam de um nível de vida muito mais alto.

Em geral, pareceria que a maioria dos kibutzim sobreviverá as tempestades e seguirá representando um estilo de vida singular, baseado em uma mistura de ideologia e pragmatismo, e exponhente de um sonho que sofreu umha metamorfose.

Voluntários

Um aspecto que resistiu os altos e baixos da história kibutziana é o programa dos voluntários. Milhares de jovens do exterior venhem todos os anos para trabalhar como voluntários nos kibutzim. Em retribuiçom recebem um pagamento simbólico, pensom completa, alojamento e acesso às instalações do kibutz, incluídas as piscinas e as discotecas. O programa tem vantages para todos: para o kibutz, a disponibilidade de trabalhadores estacionais com o seu respectivo aforro econômico; para os voluntários, umha oportunidade única de conhecer um estilo de vida diferente e a possibilidade de percorrer o país.

O futuro do kibutz...

"O futuro econômico da maioria dos kibutzim é polo menos problemático. A agricultura nom é lucrativa nem suficientemente importante como para atraer aos jovens. Em termos gerais, as indústrias kibutzianas nom podem gerar suficientes ingressos como para "manter" ao kibutz. Para alcançar a viabilidade econômica e social, é necessária umha reavaliaçom drástica do kibutz como entidade comunitária e econômica" (Freddy Kahana, arquiteto, planejador e investigador kibutziano).

"Pareceria que cada kibutz haverá de encontrar finalmente a sua própria fusom do velho com o novo"... (Henry Near, historiador do kibutz).

"Os kibutzim ingressárom num período de fragmentaçom. Alguns estám introduzindo salários e preços... (Existe) a sensaçom que o fim da vida coletiva está próximo" (David Bailey, sociólogo, Universidade de Birmigham).

..."Os kibutzim encontram-se implicados num complexo processo de mudança e adaptaçom à nova realidade social, econômica e cultural em Ocidente e em Israel... Estám consolidando umha nova visom que expresse em termos do século XXI a idea da existência humana como umha realidade social"... (página de Internet do kibutz Cabri).

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