segunda-feira, 26 de abril de 2010

A Internacional Posadista: Socialismo Intergaláctico

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Através do blogue do Pedro soubem da existência desta curiosa seita: a 4ª Internacional Posadista (ver também aqui). Como o seu nome indica, são seguidores do argentino J. Posadas (1912-1981), quem foi sapateiro e jogador do Estudiantes de La Plata. Sindicalista revolucionário, fijo parte da 4ª Internacional e, a partir da ruptura desta em 1953, duma das facções que a sucederam (a de Michel Pablo). Mas chegou o momento no que, como bom trotskista, se decatou de que estava rodeado de contrarrevolucionários, e optou pola única saída possível: criar a sua própria escissão do movimento. Nascia assim em 1962 outra 4ª Internacional, a qual a partir de 1970 engadiu o apelativo de "Posadista" à sua denominação.
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O tal Posada devia ser um figura, e a sua Internacional defendia algumas ideias, diriamos, moi do seu tempo. Em plena Guerra Fria, a psicose nuclear e a carreira espacial eram uma parte importante do espírito da época. E Posada deu resposta a estas inquedanças:
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Convencido da inevitabilidade da guerra nuclear, despois da qual só quedaria em pé média Humanidade, decidiu tomar a iniciativa e avogar decididamente por um ataque nuclear da URSS e a China aos USA, não fosse o demo que os gringos se adiantassem. Traduzo as suas palavras da versão inglesa da Wikipédia (a mais completa): "A guerra nuclear é guerra revolucionária. Danará à Humanidade, mas não destruirá -nem pode- o nível de consciência acadado por ela... a Humanidade passará rapidamente através da guerra nuclear a uma nova sociedade humana - o Socialismo". Dr. Strangelove?
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O outro grande tema da época era o contacto com civilizações extraterrestres. Isto não eram especulações de frikis, senão algo tomado moi a sério e no que se investírom moitos cartos. Quem tenha dúvidas, que lea "Cosmos" do meu admirado Carl Sagan ou qualquera outra obra sua: o tema estava na agenda, e seguramente com razão. E ante essa eventualidade, Posada aplicava a lógica marxista: se esses seres eram capazes de chegar à Terra, está claro que eram uma civilização mais avançada e, portanto... socialista. Se, por outra banda, ainda não contactaram com nós, podia ser porque não estavam interessados nem no capitalismo nem no socialismo stalinista dominante daquela. Mas a Humanidade devia pedir a sua ajuda para ultrapassar o estado atual das cousas, e usar os seus recursos para chegar ao socialismo. Isto é levar a crítica trotskista ao socialismo num só país a outro nível: a crítica ao socialismo num só planeta. Estas ideias as defendeu num escrito titulado, olho ao dado, "Os óvnis, os processos da matéria e da energia, a ciência e o socialismo". Despois de escrever algo assim um já pode morrer tranquilo.
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Leo na wiki que cara o final da sua vida (sempre atento ao zeitgeist), Posada incorporara elementos New Age ao seu discurso, como a possibilidade de comunicação entre humanos e golfinhos. O dito, um home do seu tempo.
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A dia de hoje, o Partido Obrero Revolucionario (Trotskista Posadista) ainda existe na Argentina, e, mira ti, apoia o governo de Cristina Fernández de Kirchner. Tenho que admitir que talvez aí si que se lhes foi um pouco a pinça... ;-)
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7 comentários:

Anônimo disse...

Tem cara que em vez de fumar maconha, fuma merda. Pra pensar assim...

Anônimo disse...

O posadismo ainda é avançado demais para a humanidade:
http://www.amazon.com.br/Sexo-drogas-Balalaika-Livro-desventuras-ebook/dp/B00EOFHPSC

Jorge Gomes disse...

Em que idioma está escrito esse artigo?

Alexandre disse...

Está escrito em galego-português, com uma grafia reintegracionista.

Alexandre disse...

Homero Cristali, mais conhecido pelo pseudônimo "Juan Posadas", de fato desenvolveu ideias delirantes e transformou sua corrente numa seita, que começou a definhar, ainda c/ ele em vida, a medida que em que ela ficavam mais delirantes e ele mais paranóico. Só que a história da corrente posadista é muito mais do que isso.
Em primeiro lugar, é preciso ser justo, e assinalar que Posadas escrevia sobre quase tudo, inclusive sobre a música de Bethovenn, mas sobre os discos voadores, ele escreveu apenas uma vez, assim mesmo num folheto de 1968, e não nos jornais e publicações de sua "IV Internacional Posadista".
Para mim, muito mais excêntricas são seus escritos em que defendeu o "ataque nuclear preventivo" da URSS contra o imperialismo estadunidense e que o socialismo poderia ser erigido das ruínas de uma guerra nuclear, se é que sobraria alguém ou alguma coisa para ser erguida depois de um conflito atômico.
Mas seu estilo ascético e o que escreveu e passou a exigir em termos de "moral revolucionária", que ele começou a escrever a partir do final da década de 1960, são ainda muito mais delirantes, como a teoria do "monolistismo político" - ou seja, o chefe, ele mesmo, era infalível - ou que os militantes só deveriam fazer sexo para procriação.
Mas muito antes dessas excentricidades, o que caracterizava o posadismo era seu obreirismo. Ou seja, a proletarização dos seus militantes. Não por acaso, nas eleições de 19958 na Argentina, o Partido Operário Revolucionário Trotskista (PORT) obteve 15 mil votos na província de Buenos Aires, o que me parece um desempenho razoável para época e para um partido proletário.
Além disso, não podemos nos ignorar que as organizações posadistas no Brasil e na Argentina tiveram militantes mortos e assassinados, quando não "desaparecidos", durante o período das ditaduras militares do Cone Sul, e até antes delas, já que "Jeremias", um jovem militante posadista do PORT brasileiro, foi morto por pistoleiros, em 1963, quando liderava uma manifestação de cortadores de cana-de-açúcar, para exigir dos senhores de engenho o pagamento de seus direitos trabalhista.
Um outro trabalhador rural ligado ao PORT - não vou me lembrar do nome dele agora - foi preso pela polícia de Miguel Arraes, ANTES mesmo do golpe de 1ª de abril de 1964, permaneceu preso durante mais de 10 anos, sem que nenhuma ter sido condenado em nenhum processo e só foi solto porque estava gravemente doente, morrendo poucos meses depois de ser libertado.
Olavo Hassen, um estudante de engenharia da USP que se tornou operário metalúrgico, foi preso de torturado depois do golpe de 1954. Preso novamente no dia 1º de maio de 1970, quando distribuía panfletos na comemoração oficial organizada pelo governo, foi levado para a sede da Operação Bandeirantes, onde os torturadores o receberam dizendo: "esse aqui já sabe o caminho". Hansen morreria sob tortura na noite daquele dia.
Isso para não falar dos posadistas que foram presos e torturados em Cuba, não vem ao caso no momento, se as posições que defendiam eram corretas ou não. O certo é que a história do Posadismo também se escreve com os sangue de militantes que deram sua vida, não pelas ideias excêntricas que Homero Cristalli desenvolveu, mas por acreditarem e lutarem pelo socialismo. ABS

Celso da Silva Castro disse...

Boa noite , sou de princípio libertário , me interessei pelas ideias de Pousadas , apesar de crítico ao Marxismo - Leninismo , acredito que vale lê .

Anônimo disse...

🤔