quarta-feira, 21 de julho de 2010

Movimentos na esquerda soberanista


Vai para 3 anos que publicávamos um texto de Xosé M. García Crego, militante da FPG, verbo da recomposição da esquerda nacionalista. Ilustro este post com a mesma imagem que então, porque poucas mudanças se tenhem produzido dende aquela... e também poucas boas. O máximo referente político, o BNG, continua a esmorecer, e as restantes forças conformam um arquipélago dividido por sectarismos absurdos. Sendo realista, poucas esperanças tenho em que isto vaia melhorar. Conhecemo-nos e a inércia da desconfiança mútua ou o desinteresse por artelhar projectos comuns é difícil de cambiar. Ainda ontem se apresentava em Vigo uma nova força política (sei que isto não é necessariamente mau, mas... mais uma!), a Fronte Obreira Galega, que se situa nas coordenadas do socialismo e o soberanismo e que pretende, segundo parece, ser um colectivo dentro do BNG (ainda que, ao estilo do Encontro Irmandinho, possibilitando a militância de gente de fora).

Mas também é certo que hai diversas iniciativas em marcha que visam reduzir a desunião. Uma da que já demos conta foi a Rolda de Rebeldia, impulsada polo Encontro Irmandinho e no que se atopárom praticamente todos os sectores da esquerda deste país. Outra mais recente foi a jornada de Refundando a Esquerda, organizada por Esquerda Unida e à que acudírom persoas e organizações do âmbito soberanista, como a FPG. Outras iniciativas fôrom menos explícitas, como os já tradicionais (e ambíguos) chamamentos neste senso de Nós-UP ou a própria FPG nas suas últimas conferências / assembleias nacionais.

Se algo se move, parece ser Causa Galiza. A já "veterana" plataforma de forças pola autodeterminação estava sumida até hai pouco na inactividade (polo menos de cara ao exterior), presumivelmente a causa da sua própria problemática interna. Entre outros factores, a crise na que o sector que posteriormente se constituiria no Espaço Irmandinho abandonou Nós-UP reflectiu-se também em CG. A luita polo control da plataforma deu origem às acostumadas acusações de dirigismo / vanguardismo dirigidas aos "sospeitosos habituais" (Primeira Linha) e, enfim, todo apuntava ao finiquito da organização. Mas nos últimos tempos parece revitalizada, o que intuo pode ser explicado pola decidida aposta do Movemento pola Base por ela. Como fruto colateral vão aparecendo gestos como o comunicado conjunto do MpB, a FPG e o Espaço Irmandinho a prol da independência. Por certo que o MpB disponibilizou um interessante documento aprovado pola sua plenária o passado 12 de Junho no que se incluem algumas atinadas reflexões.

Outra força, testemunhal mas existente, é a Nova Esquerda Socialista do Lois Pérez Leira. Nasce já apelando à unidade da esquerda, e ao tempo que o Lois propom uma coalição eleitoral em Vigo com EU, FPG, Verdes e Humanistas ("entre outros"), clama por um frente amplo de esquerdas no país no que cita como possíveis referentes a Beiras e Camilo Nogueira.

Por último, não quero deixar fora desta recapitulação a partidos como o PCPG, que mália a sua origem estatal é hoje em dia uma força soberanista mais, indistinguível a efeitos práticos duma FPG, p. ex. Um pouco nesta linha estaria também Corrente Vermelha.

E queda ainda mais esquerda dentro do BNG ademais do EI, certo, mas coido que tanto MGS como os organizados em Mais Galiza andam a outras lérias. [Engadido 23 de Julho: semelha que +Galiza não quer ser menos e organiza a sua própria jornada de reflexão. Mais info aqui]

Assim que, se não esqueço nada, isto é o que hai. Persoalmente, concordo com Pérez Leira: penso que objectivamente seria necessário, e possível e acaído, um frente amplo que abrangesse dende a esquerda de dentro do BNG até todos os partidos e colectivos mencionados anteriormente. O resultante seria nem mais nem menos que A ESQUERDA deste país (e talvez esse não seria mal nome, seguindo o exemplo da alemã Die Linke). Mas sendo realista, sei bem que isso é impensável. Conformaria-me com qualquer simplificação do mapa de partidos que permitisse sumar algo mais que zero, para variar.

7 comentários:

Anônimo disse...

Análise acertadíssima. Deixo-te aqui a url da que eu fiz:

http://aconjuradosnescios.blogspot.com/2010/07/direito-organizacao-vs-outra-vaca-no.html

Sr. J disse...

Óscar, obrigado por comentares e pola ligação. Já lim a tua análise, com a que por suposto concordo :-)

Sr. J disse...

Vou matizar uma cousa: quando falava da ambiguidade dos chamamentos de Nós-UP e a FPG, desta vez não eram tão ambíguos. Polo menos a FPG, no seu documento, exclui explicitamente a Primeira Linha do processo de unidade ao que eles aspiram. Parece-me polo menos sincero e realista, a estas alturas ninguém acreditava numa colaboração entre ambas forças. Vejamos então se a embrionária coordinação FPG-MpB-EI se vai afortalando...

AFP disse...

Boa reflexom à que cheguei após ler o post do companheiro Óscar. Apertas fraternas para os dous.

Sr. J disse...

Obrigado, por certo aproveito para assinalar que venho de fazer um engadido a este post, ligando para a jornada organizada por +Galiza: http://renovarobng.blogaliza.org/2010/07/15/novos-caminos-para-a-esquerda-galega/

Gelo disse...

Gostei da postagem (que chucera) mas perante o feche de Vieiros e Chuza! pergunto-me que capacidade de fazer cidadania, organizaçom cívica, tem o nacionalismo galego.

Hoje estou triste, mas também esperançado com que estas pancadas podam servir para centrarmos-nos em fazer mais política com realismo e eficácia, palavras que nom podem ficar na direita nem nos discursos ideológicos.

Hoje debates sobre normativa lingüística, chamamentos à unidade ao povo ou à classe parecem-me inúteis.

Sr. J disse...

Gelo, acabo de saber o do feche de Vieiros... ainda estou em estado de shock! O meu portal de informação diária por excelência desde há 15 anos... não hai nada que se lhe pareça... e vai e fecha! Assim, de um dia para outro... triste, mui triste. Galiza será mais cativa a partires de manhã... :-(